domingo, fevereiro 13, 2005

The Kills – O início


“Keep on your mean side” by The Kills

Depois do EP de estreia, “Black Rooster”; o primeiro longa duração de The Kills conheceu a luz do dia sob a designação de “Keep on your mean side”. Transcreve-se em seguida uma das críticas que melhor poderá reflectir tanto o imaginário do álbum como a débil aceitação que teve - que no entanto não impediu a criação de um (mais que) merecido culto; culto esse que certamente se irá alargar com o segundo longa duração prestes a ser lançado.

“A morte saiu à rua. Transformou-se em rock n’ roll e, para não levantar suspeitas, tomou a forma de um casal como tantos outros no rock n’ roll. Inventou identidades irremediavelmente pop, para criar uma aura de rebeldia. (…) Desenhou uma história feita de raiva e paixão, cheia de obstáculos inultrapassáveis, ultrapassados pela vontade, pelo sonho e pela necessidade. Dormiu numa cave rodeada de poças de água da chuva, onde grandes letras de néon se reflectiam e lhe enchiam de luzes vermelhas a noite escura. Levou porrada da noite, dos homens, dos bons e dos maus. (…) Desafiou ídolos, fez pacto com o diabo e escreveu canções de ódio, amor, de medo, de lixo, de estupro, de violência – com algumas palavras de amor e de mãos que se agarram para não se cair. E esperou… esperou que os vivos ouvissem as suas canções e gostassem… Mas os vivos disseram que estava visto, que era igual a tudo o resto que se ouve agora, que era só mais um casal a querer soar a White Stripes, que era cópia de Patti Smith e PJ Harvey, (…) que era sujo e duro e muito cru… Que não – os vivos ousaram dizer que não! Pois “fuck the people”! A morte há-de voltar. “It´s been a long time coming” e há-de continuar. A morte saiu à rua. Transformou-se em The Kills, enfeitiçou as canções e deixou “Keep on the mean side”… Para que os vivos não se esqueçam.” (9/10)

Ricardo Sérgio in Op #11