Harmonias
Nos dias que correm, quando se ouve mencionar um álbum que experimenta uma abordagem do Jazz fundido com música electrónica a atitude mais provável a ter perante a obra será a indiferença. Não é pois de admirar a postura, por se tratar dum meio que foi explorado em excesso e de onde advieram cada vez mais abundantemente resultados catastróficos. É assim com agradável surpresa que se recebe os recentes “Scale” de Herbert e “The Ballad of Den the Men” de Wise in Time, por serem capazes de reanimar o género partindo exactamente do ponto aonde as cabeças pensantes por trás dos projectos o tinham deixado, levando-o mais além utilizando precisamente a mesma técnica de sempre, um olhar inteligente no passado aditada de uma abordagem tecnológica - cada vez mais requintada e refinada - de uso habitual na arte destes criadores; apresentando assim duas obras lúdicas na adopção de soluções viáveis que cada vez mais parecem uma sugestão que uma concretização por parte dos seus contemporâneos.
A técnica de Ian Simmonds está cada vez mais cuidada e sobretudo cada vez mais fluida na exploração de um universo enublado pela contemporaneidade urbana, embutido da irreverência do Jazz e trespassado por um olhar bucólico - apresentado enquanto hipótese de refúgio. Para além disso a sua voz mostra-se mais veemente que nunca, e repleta de originalidade na citação das sofisticadas lenga-lengas inventadas.
É um grande álbum, como só Ian Simmonds tem a capacidade de conceber quando é assaltado pela inspiração, e quando isso acontece vale muito a pena prestar-lhe atenção. (9/10)
Quem ainda ajuda Herbert na sua investida musical é indubitavelmente a vocalista Dani Siciliano, esta é capaz de surpreender tanto como o artesão musical; oiça-se as novas soluções adoptadas nas vocalizações e pasme-se por ser capaz de apresentar novos registos, nunca explorados até à data; que são tão estimulantes e surpreendentes como aqueles que já lhe conhecíamos. Porém, não é só a voz de Dani Siciliano que é admirável em “Scale”; existem também as brilhantes colaborações de Dave Okumu (dos Jade Fox) e de Neil Thomas; a contribuir no rendilhado de vozes que se cruzam, que se rendem e que cantam em uníssono em grandiosas apoteoses vocais; equiparadas à mestria das prestações dos vocalistas dos Two Banks Of Four.
“Scale” merece ser um objecto de devoção, é imenso em todos os sentidos e uma grande homenagem a todos os envolvidos, assim como ao Jazz electrónico. (9,5/10)
“The Ballad of Den the Men” by Wise in Time.
Antes de mais apresente-se o responsável pelo projecto Wise in Time: é ele Ian Simmonds. Isso poderá dizer muito se se pensar em “Return to X”; ou, enquanto Juryman, em “The Hill” (álbum com parte das vocalizações a cargo de Alisson Goldfrapp). Poderá ainda dizer nada; e das duas uma, ou por não ser um músico comummente conhecido ou então se a aproximação que se fez a ele foi através de algum dos outros álbuns que criou; não por serem maus, mas por não serem de todo indispensáveis. O presente projecto nasceu da união do músico com outros quatro - de Jazz, de origem Alemã - que o auxiliaram na feitura de mais uma obra relevante, ao nível das enunciadas acima.A técnica de Ian Simmonds está cada vez mais cuidada e sobretudo cada vez mais fluida na exploração de um universo enublado pela contemporaneidade urbana, embutido da irreverência do Jazz e trespassado por um olhar bucólico - apresentado enquanto hipótese de refúgio. Para além disso a sua voz mostra-se mais veemente que nunca, e repleta de originalidade na citação das sofisticadas lenga-lengas inventadas.
É um grande álbum, como só Ian Simmonds tem a capacidade de conceber quando é assaltado pela inspiração, e quando isso acontece vale muito a pena prestar-lhe atenção. (9/10)
“Scale” by Herbert.
Herbert é um dos poucos músicos que tem vindo a operar uma autêntica revolução musical na presente década e isso enquanto explorador da história do Jazz. Ou seja, aborda o género nas diversas metamorfoses que este foi tomando, desde a sua criação, durante a sua época de oiro e ao longo do restante século XX; ou não fosse o Jazz ter a capacidade de se permutar e redefinir-se em várias vertentes... mostrando-se jubiloso nessa sua capacidade para se transformar. E, até à chegada e implementação da tecnologia no seio musical, já o Jazz tinha experimentado muitas redefinições. É na aproximação a cada um dos diferentes rumos tomados pelo género que Herbert – que conhece bem a história do Jazz - parece buscar a sua inspiração sempre que apresenta um novo álbum, adicionando-lhes a sua electrónica de ritmos minúsculos e “samples” desencantados de onde menos se espera – urnas inclusive –; prática que assim o auxilia na sua reinvenção constante enquanto criador. É claro que, se não fosse a sua genialidade e emotividade enquanto músico, a ideia seria decerto arrasada mesmo antes de tomar forma.Quem ainda ajuda Herbert na sua investida musical é indubitavelmente a vocalista Dani Siciliano, esta é capaz de surpreender tanto como o artesão musical; oiça-se as novas soluções adoptadas nas vocalizações e pasme-se por ser capaz de apresentar novos registos, nunca explorados até à data; que são tão estimulantes e surpreendentes como aqueles que já lhe conhecíamos. Porém, não é só a voz de Dani Siciliano que é admirável em “Scale”; existem também as brilhantes colaborações de Dave Okumu (dos Jade Fox) e de Neil Thomas; a contribuir no rendilhado de vozes que se cruzam, que se rendem e que cantam em uníssono em grandiosas apoteoses vocais; equiparadas à mestria das prestações dos vocalistas dos Two Banks Of Four.
“Scale” merece ser um objecto de devoção, é imenso em todos os sentidos e uma grande homenagem a todos os envolvidos, assim como ao Jazz electrónico. (9,5/10)
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