sábado, novembro 27, 2004

Leituras entre lençóis


Uma casa no fim do mundo de Michael Cunningham

Se com o livro “As horas” (romance vencedor dos prémios Pulitzer e Pen/Faulkner de 1999 - entre outros) Michael Cunningham realmente vingou; as aclamações começaram logo a surgir, um pouco por todo o lado, com “Uma casa no fim do mundo”, primeiro romance do escritor. O motivo, mais que suficiente para que isso tivesse acontecido, deve-se a uma escrita que encerra uma elegância tal, capaz de ficcionar de modo imensamente real o conjunto das 4 personagens principais que constituem o livro. Michael Cunningham é por excelência um escritor com uma escrita bela (não bonitinha) e sensível capaz de chegar às profundezas da alma das personagens, sem no entanto as dar a conhecer completamente, sendo o mistério preservado, revestindo-as com uma humanidade universal admirável.
Conta-se a história de dois amigos que crescem juntos numa cidade do interior que, após uma separação, encontram em Nova Iorque um novo espaço para desenvolver e aprofundar a relação mantida latente, à qual desta vez um novo factor é adicionado: a presença de um elemento feminino. Gera-se deste modo um triângulo amoroso em constante desequilíbrio na procura de um novo tipo de família. As relações são descritas magistralmente onde a fragilidade e tensão delas é constantemente exposta.
Foi assim que Michael Cunningham se deu a conhecer; de forma exemplar com “Uma casa no fim do mundo”. (9/10)