domingo, dezembro 12, 2004

Intimidades_01/03 – Ficções



Olhava directamente nos olhos dele quando me fez a pergunta: - O que procuras? Sorri misteriosamente e olhei em redor; ao voltar a encontrar o seu olhar respondei-lhe: - Neste momento tenho alguém que me faz sentir vivo, neste momento não procuro. Apreciei a doce expressão que fez, aquele sorriso quase infantil impregnado de um charme requintado, estudiosamente adquirido, assentava-lhe na perfeição; tão bem como o conjunto negro que trazia vestido da “Armani Collezioni” no qual todos os detalhes e acabamentos pareciam ter sido feitos a pensar exclusivamente no corpo dele.
Quando entramos no quarto, no vigésimo andar do hotel, todo aquele branco imaculado tornou a incomodar-me; apenas o leve aroma a incenso de ópio no ar e, ao fundo, a parede oval de vidro, que deixava apreciar a imponência de uma cidade revestida por gigantescos ecrãs publicitários e “neons” de todas as cores, transmitiam conforto àquele espaço. Fiquei a apreciar a cidade por momentos… Oiço de forma musical se queria “Champagne”, viro-me na direcção da voz e vejo-o com dois copos numa das mão e uma garrafa de "Dom Pérignon" na outra: - Vintage de 1996, disse. Aceitei; serviu-nos, aproximei-me dele e antes de me dar um dos copos encostou o corpo dele no meu e delicadamente deu-me um beijo no pescoço, subiu até à orelha e por fim dirigiu-se à boca; senti a fragrância que emanava, sensual e ambígua, uma equilibrada combinação “mocca coffee” e lavanda.
- Vou buscar as romãs…

O que procuro?
Alguém carinhoso e sensível que não seja frágil; que tenha a capacidade de me fascinar e surpreender. Que seja romântico, sensual e cheio de charme. Que me dê atenção.
Que seja elegante; com gostos requintados, adequados a uma personalidade inteligente (que não seja trivial). Bonito fisicamente (não com uma beleza vulgar… que seja muito particular dele). Que me leve a viajar…