sexta-feira, dezembro 10, 2004

Leituras entre lençóis


"O Retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde

Nascido em Dublin a 16 de Outubro de 1854, Oscar (Fingall O’Flahertie Wills) Wilde, concluiu a sua educação de forma brilhante em Oxford. Dramaturgo, poeta, ensaísta e novelista Irlandês; a sua carreira foi assombrosa, tornando-se numa figura de topo do movimento “decadentista” em Inglaterra; sendo no entanto interrompida pela condenação a dois anos de prisão (com trabalhos forçados incluídos) devido a práticas homossexuais que levou a cabo com Lorde Alfred Douglas. Cumprida a pena, decidiu exilar-se e morreu em Paris a 30 de Novembro de 1900.
Práticamente todos os livros que escreveu tornaram-se grandes clássicos. “O Retrato de Dorian Gray”, seu único romance, desde o seu lançamento, numa versão mais curta, no Lippincott’s Magazine (1890), provocou reacções simultâneas de ira e admiração entusiástica. Como desafio, resolveu publicar Dorian Gray em livro, acrescentando-lhe capítulos novos, assim como um prefácio onde se pode ler: “Basil Hallward é aquilo que eu penso de mim; Lord Henry, o que o mundo pensa de mim; Dorian é o que eu gostaria de ser noutra época, talvez.” A primeira edição saiu em Abril de 1891.
O romance conta a insólita história de um jovem londrino cuja beleza o arruinou. Através de uma metáfora subtil dos vícios ocultos, sob a face da beleza narrativa, mostra-se a impassível elegância do aristocrata Dorian Gray que parece nunca envelhecer, enquanto que no silêncio de um quarto de sua casa um retrato seu, pintado a óleo, se vai cobrindo com as corrupções e equimoses de libertinagens e crimes por ele praticados.
Provocou acesos debates ao ser publicado, que se prolongam até aos dias de hoje, por retratar de forma dramática a degradação do homem; no entanto uma coisa é indiscutível: o livro resistiu à acção do tempo tornando-se numa autêntica homenagem à emoção estética e à grandiosidade dramática. (10/10)


ilustração de Stephen Alcorn