segunda-feira, julho 25, 2005

Leituras entre lençóis


“Semente do Diabo” by Ira Levin

O Diabo não deixa de ser uma figura inspiradora para muitos escritores, escritores esses que, por muito diferente que seja o aspecto que lhe conferem, expõem-no perpetuamente como a máxima do horror em si. Se em a “Semente do Diabo” a sua ligeira presença não tem como intuito primordial explorar a imaginação do leitor quanto à sua feição, tem no entanto a alento necessário para que surja como o responsável pelo desenlace de uma série de acontecimentos que servem para ajudar a cumprir os seus propósitos. Ira Levin pega nessa ideia e desenrola-a num ambiente físico insuspeito, que no entanto devido às suas características acaba por se relevar eficaz.
A história passa-se num velho edifício de Manhattan, o qual devido à sua arquitectura clássica transmite um ambiente de grande emotividade, existem magníficas gárgulas a espreitar das fachadas, o elevador está revestido com painéis de carvalho e decorado com latão, os corredores são longos e escuros... Rosemary e Guy, o seu marido, acabam de alugar um apartamento nesse edifício e planeiam nele um futuro ambicioso. Entretanto vão conhecendo os seus vizinhos e vão descobrindo que ali já se desenrolaram acontecimentos inusuais. No entanto isso não demove o casal do seu intuito de viver no local e de ali conceberem o seu primeiro filho. E é nisso que o casal se concentra, após um súbito interesse de Guy. A gravidez não demora muito a acontecer e quando Minnie and Roman Castevet, os vizinhos mais íntimos, recebem a noticia revelam um grande entusiasmo e um desmesurado interesse para que tudo corra bem, prestando toda a assistência possível. Minnie tem todos os dias o cuidado de dar a Rosemary uma estranha bebida que deve ser tomada incondicionalmente.
O que de facto se passa, ou quais são os verdadeiros interesses em relação ao bebé é algo a descobrir nesta obra monumental sobre o mal e o terror. O certo é que o desvendar dos motivos dos acontecimentos estranhos que ocorrem acabam por declarar um único responsável: o Diabo. É uma obra extremamente absorvente que nos revela um final surpreendente, encontrando-se bem construída quer a nível de descrições, diálogos e de personagens. Escrito em 1967, foi um dos primeiros livros do género de terror a tornar-se bem sucedido a nível de vendas. (8/10)