quarta-feira, dezembro 20, 2006

Electrónicas (1)

Em 2006 a música electrónica parece ter ganhado um novo fôlego. Um considerável número de bons discos, que se podem inserir no género, foram lançados no decorrer do ano, sendo que, é justamente aqui onde se podem encontrar alguns dos lançamentos mais importantes do ano quando se pensa na responsabilidade da música em explorar novos territórios estilísticos e experimentar novos meios ou métodos de criação. Por outro lado, houve ainda gente no meio capaz de reafirmar a sua criatividade independentemente das condições anteriores. Responsáveis por tudo isso foram grupos como Burial, Herbert, Isolée, The Knife, Kode9 & the Spaceape, Luomo, Matmos, Mouse On Mars, Post Industrial Boys, Quantic, Shogun Kunitoki, Skream, Spektrum e Wise In Time.
Aqui, já se escreveu sobre Herbert e Wise In Time; de Mouse On Mars, aqui; em seguida escreve-se – com todo o gosto – sobre “Fun At The Gymkhana Club”, o álbum dos Spektrum.

“Fun At The Gymkhana Club” by Spektrum.

(2006 / Nonstop)

De facto, é com grande entusiasmo que se destaca novamente os Spektrum, aqui, neste espaço. Acreditou-se neles quando lançaram o seu primeiro álbum em 2004, “Enter... the spektrum”; tudo porque uma faixa como “Freefall” não deixou que o grupo passasse desapercebido, sendo a responsável pela descoberta de um magnífico álbum. Em “Fun At The Gymkhana Club” existe “Don’t Be Shy”; que tem todas as características contagiantes de “Freefall”. Aliás, após ouvir o presente álbum, aquilo que se poderá pensar para alegar em seu favor são precisamente os mesmos argumentos do anterior, sem que isso o desvalorize. Isso porque os Spektrum continuam cheios de vitalidade e energia a nível criativo... e a impressionar. Mesmo que o presente álbum seja mais polido que o anterior não se perdeu nenhuma afirmação das potencialidades que o grupo tem para criar novas sonoridades urbanas excepcionais.
Lola Olafisoye continua a ser uma vocalista e interprete de canções perturbante (ela é grandiosa – muito - com todas as suas peculiaridades extravagantes), e os restantes elementos do grupo, responsáveis pela maquinaria instrumental, apenas limaram algumas arestas do anterior diamante em bruto, sendo que neste álbum se sente invariavelmente um maior investimento na aproximação ao formato de canção propriamente dita. Tudo isso é bom e nada que chegue para diminuir o disco. Qualquer crítica ao álbum mais facilmente irá tornar-se obsoleta que o próprio; por isso o melhor mesmo será ouvi-lo. (10/10)