domingo, novembro 20, 2005

Mudanças inesperadas

O ano de 2005 revelou algumas metamorfoses inesperadas de ícones responsáveis pelo revivalismo ou redefinição de determinados movimentos.


No caso dos White Stripes a transformação deu-se quase por completo. Não foi desta que puseram de todo de lado o rock garage de forte inpiração nos blues que os caracterizava, mas parecem querer revelar que essa pode ser uma alternativa para o futuro.
Agora explora-se sobretudo a música folk, trazendo-se para a ribalta uma série de novos instrumentos: marimbas, guitarras acústicas, banjos, uma diversidade percussões e um piano ao qual é dado o maior destaque.
Deparamo-nos com uma maior dose de melancolia nas músicas da dupla de Detroit, onde Jack White se mostra mais propenso a revelar os seus dotes de pianista e a confirmar-se como um grande escritor de canções.
“Get Behind Me Satan” revela um grupo que continua a compor música de forma inspirada e apaixonada, capaz de avançar sem receios em direcção às suas heranças musicais, transmutando-as, tornando-as actuais, reinventando assim as tradições da música americana. (8/10)


Os LCD Soundsystem estreiam-se em 2005 no formato de álbum, desta feita homónimo, após três anos de “singles” certeiros, que se tornaram autênticas referências nas culturas urbanas mais “underground”, e que serviram ainda para demonstrar (uma vez mais) a vitalidade que há meio século emerge da cidade de Nova York no que diz respeito ao universo Rock’N’Roll. É justamente a esse universo onde se vai buscar a fonte de inspiração, sem no entanto se limitar a ele, cruzando-o descaradamente e sem receios com linguagens da música electrónica.
O álbum apenas perde um pouco por deixar transparecer em certos momentos a intenção de pretender chegar a um público mais alargado do que aquele até então conquistado, e isso nem constituiria um problema se a composição não se apresentasse forçada nesse sentido. Porém trata-se no geral de um bom disco, capaz de animar entusiasticamente as pistas de dança, e de se tornar numa referência por ajudar a redefinir as linguagens do rock urbano. (7/10)