terça-feira, janeiro 18, 2005

Ódios de estimação


Imaginative imagery by a neurotic patient: "A face in the trees"

“Um dos lugares comuns mais recorrentes na sociedade contemporânea é o que advoga que o nosso tempo é curto e precioso, pelo que não o devemos desperdiçar com coisas que nos incomodem. Mas a irracionalidade é uma das características mais marcantes de todos nós e, por isso, perdemos constantemente tempo com aversões especiais: os ódios de estimação. (…) Para mim, há, essencialmente no campo cultural, um certo número de «artistas» que interferem negativamente no meu sistema nervoso. Gosto de pensar que não é uma lista totalmente irracional (…). Essas aversões selectivas e a capacidade de as sentir – de um modo especial e privado – dependem, obviamente, da nossa reacção individual aos estímulos que nos são dados. É óbvio que não vale a pena desperdiçar a nossa capacidade de argumentação a desprezar coisas (…) inanes. Mas (…) já podemos secretamente abominar e não perceber como alguém pode gostar de” determinados canastrões.

Vicente Pinto de Abreu in Op #15