quarta-feira, março 02, 2005

Arte que alcançou o 7º lugar


"Y Tu Mama También" by Alfonso Cuarón

Já foram apresentados no grande ecrã vários triângulos amorosos; o clássico “Jules et Jim” de Truffaut é um dos mais marcantes, “Y Tu Mama También” (que parece ter ido aí buscar a sua inspiração), surge como um outro exemplo incontornável.
O triângulo amoroso de “Y Tu Mama También” formado por Tenoch, Júlio e Luíza desenvolve-se num país inserido na globalização, o México, que no entanto se encontra repleto de tradições e regiões à margem desse processo.
É fascinante assistir ao paralelismo estabelecido entre a descoberta do México no decorrer de uma viagem feita até à praia "boca do céu", viagem essa que é o núcleo do filme, e a descoberta que Júlio e Tenoch, ambos de 17 anos mas de origem social distinta, fazem de si próprios; observando que já não são mais os mesmos, que estão a deixar de ser adolescentes, apercebendo-se que a realidade é muito mais complexa do que parece; o motivo: a sensual Luíza, uma mulher mais velha, deliciosamente provocativa, que os acompanha e pela qual ambos se apaixonam. A viagem serve ainda como um eficaz pretexto para expor personagens que habitam o interior do país onde se vive com alegria uma vida construída fora dos moldes capitalistas.
O narrador é uma das características marcantes do filme. A narração, em terceira pessoa, feita de forma sóbria, é essencial para que se possa compreender as mudanças que ocorrem na visão individual das personagens, assim como o é na apresentação do contexto social.
O realizador Alfonso Cuarón apresenta-nos um trabalho fluído, sem medo algum de expor a sexualidade das personagens – onde os actores brilham na interpretação destas: Gael García Bernal (Julio), Diego Luna (Tenoch) e Maribel Verdú (Luiza) –com um desfecho devastador a concluir um argumento eficazmente surpreendente e lúdico, deixando entretanto o espectador hipnotizado com a luz e a fotografia.
Um filme genuíno onde a vida parece querer ensinar a sermos felizes. (9/10)