quarta-feira, dezembro 22, 2004

Acontecimentos_2004 - Música


"Medúlla" de Björk

Björk procura constantemente deixar registadas as complexidades do ser humano. Elaborou “Medúlla” similarmente com esse intuito, recorrendo desta vez (quase que exclusivamente) àquilo que melhor pode caracterizar e diferenciar cada um de nós: a voz.
Despido de instrumentos musicais, utilizou-se a técnica de “beatboxing” para criar os ritmos, e para criar as melodias os coros e vozes. Existe no entanto uma casual utilização do piano e de algumas electrónicas de Matmos. Mas as vozes predominam; ouvindo-se Björk por tudo que é sitio. Mas também se ouve o conceituado Robert Wyatt, Mike Patton, assim como os “beatboxers” Shlomo e Dokaka; que ajudam a criar um álbum assustadoramente compassivo.
De facto Björk leva-nos numa viagem a um mundo complexo onde coexistem diversos sentimentos: medo, paranóia, solidão, intimismo, amor, universalismo, fragilidade, aconchego; tudo isto é despoletado durante a audição de “Medúlla”, que termina com o registo de voz desta musa num tom magistralmente épico em “Triumph of a heart”.
Não é um álbum de audição fácil, visto fragmentar por completo o que se entende por “pop”, no entanto com a audição continua as dúvidas dissipam-se e toda a imensidão humana que o disco encerra acaba indubitavelmente por cativar. (8/10)