quarta-feira, novembro 30, 2005

Impressionou (03)


"RUBY BLUE" by RÓISÍN MURPHY

Róisin Murphy encontra, definitivamente, o espaço ideal para deambular a sua voz e para explorar as suas capacidades enquanto cantora. Esse espaço, constituído por electrónicas minimais, trejeitos Jazz e por “samples” de tudo aquilo que possa produzir som (folhas de jornal incluídas), de Herbert – o cúmplice resgatado para ajudar a criar o álbum -; alberga ainda o melhor das composições que tão bem caracterizam os Moloko, banda a que pertence(u) a vocalista.
Róisin Murphy demonstra ser possuidora de uma voz distinta, que consegue moldar impecavelmente em diversas dimensões, sendo capaz lhe empregar uma teatralidade muito pessoal. Herbert, para além do poder inventivo naquilo que diz respeito às escolas dançantes, mostra uma vez mais ser possuidor do dom de saber realçar a essência e potencialidade das vozes das cantoras com quem tem vindo a trabalhar (pode-se constatar isso na audição de “Vespertine” de Björk ou em “Likes...” de Dani Siciliano). Encontramo-nos assim perante uma junção feliz de talentos, que têm a capacidade de não se anularem um ao outro, revelando um conjunto de canções impregnadas de nostalgia, melancolia, sensualidade e temperamento.
Quem também quis deixar a sua marca na obra foi o artista plástico inglês Simon Henwood, que se disponibilizou para conceber os elementos visuais do álbum.
“Ruby Blue” ostenta deste modo uma das mais deslumbrantes estreias a solo deste ano. (9/10)