sábado, outubro 16, 2004

Contos urbanos contados na primeira pessoa: VIII



Fiquei estupefacto com a frieza do Jorge quando cheguei junto dele… Nem sequer mencionou o que se tinha passado há pouco tempo atrás durante o percurso que fizemos nos nossos carros até à praia. Agia como se nada tivesse acontecido. Quando lhe perguntei porque não estacionou para ver se me tinha acontecido alguma coisa apenas se virou para mim e disse para ter calma, que tudo correu bem, que além disso, estava ali nesse momento por isso não era necessário estar a dramatizar a situação. Disse que o melhor era acalmar-me e que tinha com ele justamente o que era preciso… e continuou a fazer o charro de forma precisa e muito cuidadosa. Disse-lhe então para o fazer bem forte, que estava mesmo a precisar de descontrair. Não consegui continuar chateado com ele. O timbre de voz dele e a forma pausada e serena como falava persuadiram-me deixando-me bastante impotente para iniciar uma discussão. Fez-me um gesto de carinho… pôs-me a mão no ombro e massajou-o levemente mas com firmeza. Devido à forma de ele estar e à atitude com que continuou a partir desse momento parecia que gostava de estar ali comigo, embora de vez em quando me desse a sensação que algo não estava bem… que se encontrava distante.
Quando finalmente acendeu o charro e inspirou visceralmente a primeira baforada de fumo reteve-o profundamente, ficando com o olhar preso na direcção do mar… quando o libertou deitou-se para traz. Desta vez ficou a olhar para o céu enquanto continuava a inspirar e expirar vezes consecutivas aquele fumo inebriante.
Fez-se silêncio… após algum quebrei-o perguntando-lhe se ia fumar tudo sozinho. Apercebi-me que o trouxe de volta de um pensamento que o retinha ausente dali. Ao ouvir a pergunta, reagiu como se tivesse de voltado à realidade e olhou para mim como se fosse estranho eu estar ali ao seu lado.
Passou-me então o charro... antes de fumar fiz o mesmo que ele… deitei-me de costas na areia… aquela ganza era óptima… tinha um sabor bastante adocicado e sentia o fumo a passar pela minha garganta de forma tão suave que me levou a dar várias passas consecutivas retendo cada vez mais e mais quantidade desse fumo dentro de mim… o efeito fez-se notar rapidamente. Bateu-me com tal intensidade que dei por mim de um momento para o outro a tentar controlar determinados impulsos involuntários. Mas desisti rapidamente. Deixei-me descontrair por completo enquanto olhava para o céu e via todas aquelas estrelas a brilhar entre a neblina; dei por mim a interrogar-me se sempre ali estiveram. Achei esses pontos luminosos estranhos… como se fizessem parte de uma enorme manta negra esburacada que protegia o nosso mundo e que apenas deixava passar raios de luz de um universo paralelo onde apenas existia uma claridade tão intensa que seria impossível vê-la como um todo. Ouvia o som do mar cada vez mais distante sendo contrariado por um eco que aumentava gradualmente cada vez que uma onda estava preste e desfazer-se na areia da praia até que finalmente se transformava no estrondo do abatimento que mais se assemelhava a uma violenta explosão. E sentia toda aquela areia a fazer-me formigueiro nas costas através da camisa provocando-me uma sensação estranhamente agradável.
Senti então uma mão na minha barriga a desapertar os botões da minha camisa que depois me começou a fazer festas no ventre… dirigiu-se para baixo; meteu-se debaixo das minhas calças e ficou por lá durante uns minutos fazendo movimentos regulares. Olhei para o Jorge e sorri… deixei-o continuar durante mais algum tempo antes de o começar a beijar… Quando o fiz despertaram em mim uma série de sensações redobradas de intensidade o que me levou a despi-lo o mais depressa possível para fazermos sexo rapidamente… e foi isso que fizemos de seguida…

José