quinta-feira, dezembro 08, 2005

Impressionou (06)

"Notes on Love" by Petra Jean Phillipson

Deu nas vistas com o irrepreensível tema “Sugarman”, extraído de “David Holmes Presents the Free Association”, em 2003. Petra Jean Phillipson, nesse entusiasmante disco assume um papel que embora seja vital não o é fulcral, uma vez estavamos perante um colectivo em pleno estado de graça, aonde não se deixou grande espaço para protagonismos individuais. Porém sentiu-se um pouco a frustração de não ouvir mais vezes a voz desta cantora. Assim, quando foi anunciado o lançamento do seu primeiro álbum a solo recebeu-se a notícia com grande entusiasmo e expectativa. E ele aí está, pronto para ser ouvido com a maior das dedicações.
“Notes on Love” contém um conjunto de características que permitem que cada uma das suas canções se acomode quase de imediato no cérebro do ouvinte. Essas características podem ser familiares pois são herdadas de uma série de grandes músicos que se revelaram ao mundo a partir cidade de Bristol na década de 90 (Portishead sobretudo), e Petra Jean deixa impregnado na obra o entendimento que fez delas; não no sentido de forjar fórmulas, mas sim, no sentido de ter entendido como pode expressar-se artisticamente. Será por isso que na audição do disco se estranhe encontrar esse grau de familiaridade justamente na linguagem que maioritariamente se utiliza: a Folk, revelando assim uma nova alternativa para produzir belas músicas dentro do género.
Outro aspecto de interesse são as letras que, impregnadas de sensibilidade poética, expõem sem receio nem pudor o que há para dizer, “I want to squeeze a man till he was dead / I want to float above the bed when I have sex / I want to taste the milk of human kindness”, pode ser um bom exemplo demonstrativo.
Finalmente temos a voz; a voz que agora se pode ouvir ao longo de onze canções (e ainda num curto devaneio escondido no final); uma voz que também evoca várias referencias mas que acaba por se revelar única, bela, confidente, sensual e acolhedora; que pode transformar-se num autêntico vício.
Aqui temos um precioso primeiro álbum, um diamante em bruto, onde Petra Jean sem comoção desvairada expõe-se, levando-nos a fazer uma viagem intimista onde a fragilidade e a força se diluem uma na outra. (9,5/10)