terça-feira, dezembro 13, 2005

Reedições (02)

"Horses/Horses - Legacy Edition" by Patti Smith

Existem determinados álbuns que são incontornáveis na história da música, que conseguem alcançar um estatuto tão grande (ou maior) que o do próprio criador, sendo a sua restante obra, independentemente da qualidade, por vezes descurada. No caso de “Horses” (1975) de Patti Smith (também poeta e activista) pode ser questionável se este é ou não o seu melhor álbum mas é certamente aquele que reúne maior consenso em toda a crítica musical mundial que se preze - que sempre o apresentará como uma das peças essenciais da música popular em qualquer lista que tente reunir os melhores álbuns de sempre. Certamente que isso não será por acaso: Patti Smith chamou a atenção para si e para o seu disco de estreia por ter sido a primeira mulher a infiltrar-se e a impor-se no universo Punk, adoptando uma postura masculina, rude, que não encaixava em nenhum modelo feminino da altura – a capa do álbum, uma fotografia de Robert Mapplethorpe, que viria a tornar-se tão popular quanto o álbum, é bem representativa disso.
Falar do álbum em si numa altura como esta pode tornar-se numa tarefa inútil, é praticamente garantido que é um dos que mais arrecadou críticas favoráveis e entusiastas em seu redor, as quais são justificáveis pela sua audição. No entanto a presente reedição vai mais além, oferece uma dose dupla de “Horses” - o primeiro disco contém o álbum original, o segundo tem uma versão ao vivo do primeiro. E é justamente o segundo que vem adicionar um carácter mais intimista às canções de estúdio, e defende novamente o porque de tanto entusiasmo em torno da obra: um dos maiores desafios de qualquer músico é o seu desempenho em concerto, o de apresentar ao vivo aquilo que criou; pois será aí que a legitimidade do artista atinge o seu auge se ele for capaz de se expressar com intensidade igual ou superior àquela que se espera dele. Se isso suceder então estamos perante uma experiência inesquecível... e é justamente isso que acontece aqui.
Caso ainda não se tenha, aqui está uma excelente oportunidade para deitar as mãos a “Horses”; se já se tiver pondere-se então substitui-lo, pois valerá a pena. (10/10)