sexta-feira, abril 29, 2005
quinta-feira, abril 28, 2005
quarta-feira, abril 27, 2005
Billie Holiday
Billie Holiday (1915-1959) ficou para a história como sendo um dos grandes mitos do jazz devido não só (mas também) à forma intensa como viveu, mas sobretudo pela matéria-prima usada nas suas obras: a tristeza.
Face a uma vida pessoal conturbada, que a afectou profissionalmente após os seus primeiros grandes êxitos, Holiday passou a consumir várias drogas nomeadamente a heroína - droga de uso comum entre os músicos de jazz nos anos 40 e 50 – devido ao porte da qual cumpriu oito meses de prisão. Após a sua libertação ainda conseguiu alcançar momentos altos na sua carreira porém, graças ao ininterrupto consumo de heroína, encontramo-la agora num estado de saúde bastante debilitado fazendo com que as suas apresentações públicas passassem a ser escassas.
No entanto foi a tristeza das interpretações desta cantora a responsável por operar a revolução na forma de se cantar a música popular norte-americana. O seu canto, exprimido de forma característica, comovido e melancólico tornou-se num clássico absoluto num repertório que causou sistematicamente controvérsia por causa do seu teor político e social.
Segue como uma das grandes referências do jazz, influenciando trabalhos de cantoras dos mais variados estilos, das quais se pode nomear Marisa Monte, Norah Jones, ou ainda Beth Gibbons (cantora dos Portishead).
terça-feira, abril 26, 2005
Devaneios
A música pode ser assim, um simples arranjo de acordes sobrepostos por sensíveis vozes que no seu conjunto geram melodias delicadas (que descaradamente nos acariciam); que se evidenciam por insinuarem um universo particular, confortável, para o qual nos aliciam a viajar, a viver no seu interior e nele perdermo-nos. Volver-se num vício que exige a comparência de quem a sente assim.
Se ela toma essa forma então não lhe resisto, predisponho-me e entrego-me; deixo que me leve consigo até me abandonar. Quando ela parte deixa-me a satisfação de tanto me ter afeiçoado - saciado de tanto deleite. E assim fico livre.
Ou então, pode ser qualquer outra coisa.
Se ela toma essa forma então não lhe resisto, predisponho-me e entrego-me; deixo que me leve consigo até me abandonar. Quando ela parte deixa-me a satisfação de tanto me ter afeiçoado - saciado de tanto deleite. E assim fico livre.
Ou então, pode ser qualquer outra coisa.
Auto-retrato #1
Sou um conjunto de conceitos apreendidos
que por vezes questiono
outras vezes não.
Sou quem deita uma parede abaixo
por tanto amar,
quem se torna nos destroços
quando perde o sujeito desse amor.
Sou quem por vezes não dorme
devido à ansiedade de criar,
quem enquanto cria não consegue dormir.
Sou um passageiro num dúbio universo,
que habita a realidade
e por nela não acreditar deixa-se viver na ficção.
que por vezes questiono
outras vezes não.
Sou quem deita uma parede abaixo
por tanto amar,
quem se torna nos destroços
quando perde o sujeito desse amor.
Sou quem por vezes não dorme
devido à ansiedade de criar,
quem enquanto cria não consegue dormir.
Sou um passageiro num dúbio universo,
que habita a realidade
e por nela não acreditar deixa-se viver na ficção.
domingo, abril 24, 2005
Caught by another flow
Imagem do filme “The pillow book” de Peter Greenaway
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
- “A morte em Veneza” de Thomas Mann;
- “A semente do diabo” de Ira Levin;
- “As horas” de Michael Cunningham;
- “Cartas a um jovem poeta” de Rainer Maria Rilke;
- “Crash” de J.G. Ballard;
- “De profundis” de Oscar Wilde;
- “Festim nu” de William S. Burroughs;
- “Metamorfose” de Franz Kafka;
- “Orlando” de Virginia Woolf.
Já alguma vez ficaste apanhadinh@ por uma personagem de ficção?
“Apanhadinho” não será o melhor término para designar aquilo que as personagens de ficção que se seguem me provocaram. No entanto indubitavelmente fascinaram-me:
- A mulher do médico em “Ensaio sobre a cegueira” de José Saramago;
- Ballard e Vaughan em “Crash” de J. G. Ballard;
- Beno em “Lunário” de Al Berto;
- Billy em “Sangue do meu sangue” de Michael Cunningham;
- Dorian Gray em “O retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde;
- Fridolin em “A história de um sonho” de Arthur Schnitzler;
- Virginia Woolf em “As horas” de Michael Cunningham.
Qual foi o último livro que compraste?
Juntamente:
- “O anjo mudo” de Al Berto;
- “Poemas / As elegias de Duíno / Sonetos a Orfeu” de Rainer Maria Rilke.
Qual o último livro que leste?
- “De profundis” de Oscar Wilde.
Que livros estás a ler?
- “A laranja mecânica” de Anthony Burgess;
- “Contos” de Franz Kafka;
- “Poemas / As elegias de Duíno / Sonetos a Orfeu” de Rainer Maria Rilke.
Que livros levarias para uma ilha deserta?
Todos os referidos anteriormente e ainda:
- “A mosca” de Lewis Trondheim;
- “Calvin & Hobbes - O ataque dos demónios da neve” de Bill Watterson;
- “Cidades da noite vermelha” de William S. Burroughs;
- “Horto de Incêndio” de Al Berto;
- “Lá onde o rio te leva” de Tobias Schneebaum;
- “Mrs. Dalloway” de Virginia Woolf;
- “O rapaz que chutava porcos” de Tom Baker;
- “Poemas em prosa” de Oscar Wilde;
- “Ravelstein” de Saul Bellow;
- “Spider – A teia da loucura” de Patrick McGrath;
- “Uma casa no fim do mundo” de Michael Cunningham.
A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
- Ao L3ka de “Epistolas Estrábicas”, porque dedicou um “post” exclusivamente ao logótipo da Bertrand :) e visto demonstrar periodicamente o seu interesse pela literatura.
- A um dos alter-egos de “Há duas sem três”, pela sumptuosa veia poética que qualquer um deles evidencia.
- Ao Paulo Jorge de “Aeminiumqueer”, pela sua grande paixão pela literatura.
quinta-feira, abril 21, 2005
Minha vida não é esta hora abrupta
em que me vês tão açodado.
Sou uma árvore em frente do meu fundo,
sou só uma das minhas muitas bocas
e, delas, a que mais cedo se fecha.
Sou o silêncio que há entre duas notas
que só a custo se acostumam uma à outra:
porque a da morte quer elevar-se –
Mas no intervalo escuro se congraçam
ambas trémulas.
E a melodia é bela.
by Rainer Maria Rilke in “O livro da vida monástica” - tradução de Paulo Quintela
segunda-feira, abril 18, 2005
Sugestões
"B Sides & Rarities" by Nick Cave & The Bad Seeds
Após o magnífico álbum duplo editado no ano passado, “Abbatoir blues / The lyre of Orpheus”, a celebrar dignamente os 20 anos de carreira de Nick Cave com os Bad Seeds; chega agora a vez de se fazer a visitação aos temas perdidos por lados B de singles, bandas sonoras e edições limitadas destes senhores. O produto final é um conjunto de 56 temas, divididos por 3 CD’s devidamente encerrados num elegante embrulho.
Não se encontram por aqui grandes sobressaltos sonoros ou líricos em relação àquilo que estamos habituados a receber de Cave, e isso é bom... Bom, visto que: o que está em questão é uma carreira com uma qualidade indiscutível; marcada pela rebeldia, por narrações sombrias, por humor mordaz, amores torturados ou consumados, e religiosidade persistente. Tudo isso ingredientes presentes nesta edição, onde ainda se utilizam os vários andamentos musicais - devidamente reformados em prol do entendimento pessoal destes excelsos músicos – com os quais estamos familiarizados, tais como: o punk, o gótico, o country, o soul, o gospel, rhythm & blues ou até o jazz; constituindo no seu todo um manancial de antropofagia sónica. A voz de Cave, que tão bem consegue ser demoníaca, torturada, pregadora, pecadora, apaixonada, atormentada ou apaziguadora; surge a dominar exemplarmente (como não podia deixar de ser) essa amálgama sonora.
B-Sides & Rarities comprova (uma vez mais) que Nick Cave & The Bad Seeds se tratam de figuras ímpares no meio da criação musical contemporânea, e quem nem nas produções secundárias se rendem à negligência artística. (8,5/10)
sábado, abril 16, 2005
quinta-feira, abril 14, 2005
Excertos
"Mother Calling" by Lez Niepo
“… nem para a morte, que é difícil, nem para o amor, existe qualquer explicação, qualquer solução, qualquer pista que ainda possam ser explicadas; e para estes dois problemas que trazemos embrulhados e entregamos sem os abrir, não é possível descobrir uma regra geral baseada no consenso. Mas na mesma medida em que começamos como indivíduos a pôr a vida à prova, encontraremos, sendo indivíduos, estas coisas grandiosas ao seu alcance. As exigências que o difícil trabalho do amor tem sobre o nosso desenvolvimento são maiores do que a vida, e como principiantes nós não estamos à altura. Mas se, no entanto, aguentarmos e tomarmos este amor como um fardo e uma aprendizagem, em vez de nos perdermos num papel frívolo e superficial, atrás do qual as pessoas se têm escondido desde os primórdios da sua existência – então um pequeno progresso e uma esperança serão talvez perceptíveis para os que vierem depois de nós; e já seria muito.”
by Rainer Maria Rilke in "Cartas a um jovem poeta"
quarta-feira, abril 13, 2005
Um coração impõe ser destroçado;
Não se lhe vê melhor utilidade.
Deve ser trespassado uma
Duas,
Três vezes…
As que forem necessárias
Até experimentar a dor de uma perda insuportável…
…Para que assim possa jazer
Por quem lhe conseguiu demonstrar
A beleza de o fazer bater.
Não se lhe vê melhor utilidade.
Deve ser trespassado uma
Duas,
Três vezes…
As que forem necessárias
Até experimentar a dor de uma perda insuportável…
…Para que assim possa jazer
Por quem lhe conseguiu demonstrar
A beleza de o fazer bater.
segunda-feira, abril 11, 2005
Década de 90 do século XX – segunda parte: escolhas pessoais (literatura).
Longe de querer apresentar uma lista concludente e representativa daquilo que foi a literatura (e a BD) nos anos 90, dado que, por enquanto, não é propriamente uma década que domina a minha área de interesse; apresento despretensiosamente em seguida alguns dos livros que li e que mais me marcaram dessa época.