quinta-feira, março 24, 2005

Década de 90 do século XX – primeira parte: desafio.

O exercício de escolher um determinado número de obras com o intuito de encontrar as que mais se destacaram numa determinada época é um desafio que considero estimulante.
No início deste século, no mundo da música, do cinema e da literatura foram muitas as edições especializadas que, em cada área, realizaram esse trabalho com os findos anos 90.
Dado que o Blue Red and Dark tem como um dos objectivos primordiais a divulgação de arte - destacando movimentos, autores e trabalhos que mais colaboraram para o enriquecimento desta - lanço o desafio aos leitores para que também elaborem a(s) sua(s) lista(s) na área da música, cinema e/ou literatura da referida década de 90. O propósito é encontrar as vinte obras que os visitantes deste espaço consideram que mais contribuíram para o enriquecimento e o desbravar de novos caminhos dentro de cada uma das ditas áreas. Posteriormente ir-se-á comparar e debater as listas obtidas com outras que algumas das publicações que mais se distinguem em cada território apresentaram. Fica aqui a provocação :) Boas escolhas. Bj**

terça-feira, março 22, 2005

Arte que alcançou o 7º lugar


"Nadja" de Michael Almereyda

Vlad Drácula, príncipe romeno conhecido como “O Empalador”, é a figura histórica que inspirou a lenda do vampiro Drácula. A lenda muito popular nos finais do séc. XV e durante o séc. XVI caiu no esquecimento até ao século XIX, quando o escritor irlandês Bram Stoker decidiu ressuscitar o príncipe romeno no seu romance “Drácula”. Desde aí até aos nossos dias, o Conde Drácula foi protagonista de mais de uma centena de filmes, encontrando a sua imagem mais poderosa em Bela Lugosi que fascinou o mundo inteiro durante décadas.
Michael Almereyda similarmente encontrou a sua inspiração no romance de Stoker na escrita e realização de “Nadja”. Neste filme porém não se adapta novamente o livro para o grande ecrã - embora se apresente a sua estrutura base - cria-se antes uma nova história de vampiros inserida num ambiente típico de filmes “noir”.
Nadja (Elina Löwensohn) é uma vampira romena que vive em Nova Iorque, onde caça vítimas pelos bares, assistida pelo seu servo Renfield (Karl Geary). Van Helsing (Peter Fonda), acaba de matar Drácula e procura agora o rasto dos seus dois filhos: Nadja e o irmão gémeo, Edgar (Jared Harris), que se encontra em débil estado de saúde sendo auxiliado e tratado por uma enfermeira, Cassandra (Suzy Amis), que sofre do “Complexo de Enfermeira” - i.e., apaixonou-se pelo paciente. Jim (Martin Donovan) o sobrinho de Helsing, vive um difícil momento da sua relação com a esposa, Lucy (Galaxy Craze), que se deixa arrastar por bares nocturnos onde acaba por encontrar Nadja. Os problemas que têm diversas fontes parecem encontrar uma única solução relacionada com a jovem vampira e com uma estaca de madeira.
Almereyda elabora desse modo a sua história de vampiros, tratando adequadamente o argumento e estudando delicadamente a beleza enigmática de Löwensohn - criando momentos fascinantes tal como um onde esta desliza numa rua ao som de música dos Portishead - para além de deixar que referências a David Lynch e Hal Hartley se manifestem explicitamente. De Lynch, para além de o usar como actor na interpretação do papel de um funcionário da morgue onde se encontra o corpo de Drácula, usa o elemento câmara como uma espécie de narrador; um canal que serve para descrever visualmente a intensidade das situações com que as personagens se deparam, para isso recorre por exemplo ao uso de grandiosos contra-planos e ao focar e desfocar de vários elementos em posições de profundidade diferente, tudo isso sobre um preto e branco magnífico. O uso da câmara com tal característica complementa de forma eficaz as referências feitas a Hal Hartley, que surgem não só através do uso de dois dos actores habituais dos seus filmes - Elina Löwensohn e Martin Donovan- mas também por ambos representam com o mesmo distanciamento emocional característico dos filmes desse realizador.
“Nadja” é uma experiência sensorialmente estimulante, em particular para quem aprecia o universo de Lynch e o estilo narrativo de Hartley. Uma preciosidade perdida no universo da sétima arte. (9/10)

domingo, março 20, 2005

Earl & Mooch

sábado, março 19, 2005

FRASES... DITAS por alguém... SOLTAS para o mundo...



“Friendship is far more tragic than love. It lasts longer.”

Oscar Wilde

quinta-feira, março 17, 2005

Lyrics


Tom the model

How can I forget your tender smile
Moments that I have shared with you
Our hearts may break
But they're on their way
And there's nothing I can do

Ohh...

So do what you're gotta do
And don't misunderstand me
You know you don't ever have to worry 'bout me
I'd do it again

I can understand that it can't be
Guess it's hard as you were meant for me
But I can't hide my own despair
I guess I never will

Ohh...

So do what you're gotta do
And don't misunderstand me
You know you don't ever have to worry 'bout me
I'd do it again

So tired of life
No fairytale
So hold your fire
'Cause I need you

Ohh...

Just do what you're gotta do
And don't misunderstand me
You know you don't ever have to worry 'bout me
I'd do it again

Do what you're gotta do
And don't misunderstand me
You keep going over every word that we've said
But you don't have to worry
About me

Beth Gibbons

terça-feira, março 15, 2005

Calvin & Hobbes

segunda-feira, março 14, 2005

Deformação da realidade


"Red House in a Park"

August Macke, nascido a 03 de Janeiro de 1887, foi um dos principais pintores Expressionistas Alemães - o primeiro movimento de vanguarda artístico a surgir no século XX, definido pela deformação da realidade com o intuito de a expor segundo a visão do artista (por excelência subjectiva, totalmente pessoal e por vezes agressiva do perceptível).
As primeiras tentativas artísticas de Macke datam de 1902; em Janeiro de 1904 já tinha enchido o seu primeiro caderno de esboços mesmo antes de ingressar na Academia de Düsseldorf.
A sua atracção pela harmonia de cores do Cubismo de Robert Delaunay, a paixão por trabalhar a natureza e o gosto por captar imagens do quotidiano, levaram-no a criar vistas de parques e ruas das cidades com vermelhos intensos, amarelos e verdes, dentro de um espaço definido por padrões lineares firmes; contribuindo desta forma para estabelecer a expressividade da cor e a abstracção das formas como novos princípios de arte.
Em 1911 tornou-se membro fundador do grupo “DER BLAUE REITER” (O Cavaleiro Azul - formado por alguns dos principais mentores do Expressionismo). Uma viagem à Tunisia com Paul Klee em 1914, pouco antes de sua morte, enriqueceu ainda mais as suas cores.
Durante sua curta vida Macke preencheu 78 cadernos, um total de mais de 3 mil folhas (muitas delas utilizadas de ambos os lados), sendo a sua carreira findada precocemente pela Primeira Guerra Mundial durante a qual é morto em combate em Setembro de 1914.


"Farewell"


"Leute am blauen seek"


"Tegernsee Landscape"

sexta-feira, março 11, 2005

Incursões a Picasso

quinta-feira, março 10, 2005

A luz


“Guernica” by Pablo Picasso

Pablo Picasso no final de 1930, quando o seu impulso criativo parecia enfraquecer, criou o seu quadro mais famoso, “Guernica”, em resposta aos horrores da Guerra Civil Espanhola.
O conflito começou em Julho de 1936 com um golpe militar liderado pelo General Francisco Franco, representante dos elementos fascistas, tradicionalistas e eclesiásticos do país, contra a República Espanhola e do seu governo eleito da Frente Popular (centro-esquerda).
Ao rebentar a guerra, Picasso declarou imediatamente o seu apoio à República, aceitando pintar um grande mural para o pavilhão Espanhol na Exposição Internacional de 1937, em Paris; ainda não o havia começado quando soube que, em 26 de Abril de 1937, aviões nazistas, enviados por Hitler para ajudar Franco, tinham bombardeado e arrasado a cidade de Guernica. Esse acontecimento levou Picasso a elaborar os esboços prévios de “Guernica”, pintando a enorme tela num espaço de tempo aproximadamente de um mês (Maio/Junho de 1937); criando assim a expressão máxima não só do sofrimento Espanhol como do impacto devastador dos armamentos modernos da guerra sobre as suas vítimas em todas as partes do mundo.

fonte: “pintores famosos – a arte na internet

quarta-feira, março 09, 2005

Earl & Mooch

terça-feira, março 08, 2005


Não sei como vai ser a minha história de amor,
Não sei sequer se vai existir,
Se existe,
Se já existiu…
Se vai conter uma,
Duas,
Ou mais narrativas…

Sei que não vai ser como a tua,
Como a dele,
Como a de ninguém.
Não vai ser cor-de-rosa,
Azul,
Vermelha
Ou negra.
Nenhuma delas me satisfaz.
Porém, conforme estiveram presentes,
Assim o continuam.

Quando as deixar ir
E perder a ilusão do que é amar
Talvez aí sim…
Encontre o amor
…que tanto significa para mim,
Para assim poder dizer a palavra
Que a todos parece querer salvar.

Amo-te…

sexta-feira, março 04, 2005

Chocolate no pomar



“Foi o suíço Charles-Amédée e Kohler que primeiro teve a ideia de misturar avelãs ao chocolate, por volta de 1830: a avelã estaladiça, suave e redonda, contrasta maravilhosamente com a textura macia do chocolate de leite ou com o sabor amargo do chocolate preto. Desde então, outros frutos secos têm sido adicionados ao chocolate em tablete, nomeadamente amêndoas e passas. Avelãs e/ou amêndoas também se encontram no bom pralinê e no gianduja, grande especialidade italiana. Os artesãos tanto utilizam as clássicas avelãs, amêndoas (partidas ou em pasta) e passas (frequentemente maceradas em rum) como pistácios e figos para compor misturas deliciosas, que oferecem ao paladar uma agradável diversidade de texturas e um caleidoscópio de sabores. As nozes ou as ameixas secas, reduzidas a uma pasta, podem guarnecer bombons envoltos em finas coberturas. As cascas doces de toranja ou de laranja imersas em chocolate (conhecidas por «aiguillettes») fazem também parte das associações clássicas; o limão, mais ácido, constitui uma variante sem dúvida original mas, por vezes, perigosa. A gama de frutos em aguardente encerrados numa concha de chocolate tem tendência a extinguir-se: além das tradicionais cerejas em Kirsch, os chocolateiros utilizam framboesas e os pêssegos (de Setembro). Entre as especialidades regionais francesas com frutos, podemos citar as bûchettes [cavacos], com avelãs de Vesoul; os Joyaux de Bourgogne [Jóias de Borgonha], com groselhas; ou as Guignes de Bordeaux [Ginjas de Bordéus]. No domínio das sobremesas geladas, merecem destaque a pêra Belle-Hélène, coberta com um molho de chocolate quente, e algumas variantes de banana split. Na pastelaria, o chocolate alia-se ao doce damasco na Sacher Torte e às ginjas no Floresta-Negra.
Quanto a comer um fruto fresco enquanto se trinca um chocolate, nada o impede, mas o forte sabor do chocolate e a natural acidez dos frutos não valorizam nem um nem outro.”

in ABCedário do chocolate de Katherine Khodorowsky e Hervé Robert.

quinta-feira, março 03, 2005

Calvin & Hobbes

quarta-feira, março 02, 2005

Arte que alcançou o 7º lugar


"Y Tu Mama También" by Alfonso Cuarón

Já foram apresentados no grande ecrã vários triângulos amorosos; o clássico “Jules et Jim” de Truffaut é um dos mais marcantes, “Y Tu Mama También” (que parece ter ido aí buscar a sua inspiração), surge como um outro exemplo incontornável.
O triângulo amoroso de “Y Tu Mama También” formado por Tenoch, Júlio e Luíza desenvolve-se num país inserido na globalização, o México, que no entanto se encontra repleto de tradições e regiões à margem desse processo.
É fascinante assistir ao paralelismo estabelecido entre a descoberta do México no decorrer de uma viagem feita até à praia "boca do céu", viagem essa que é o núcleo do filme, e a descoberta que Júlio e Tenoch, ambos de 17 anos mas de origem social distinta, fazem de si próprios; observando que já não são mais os mesmos, que estão a deixar de ser adolescentes, apercebendo-se que a realidade é muito mais complexa do que parece; o motivo: a sensual Luíza, uma mulher mais velha, deliciosamente provocativa, que os acompanha e pela qual ambos se apaixonam. A viagem serve ainda como um eficaz pretexto para expor personagens que habitam o interior do país onde se vive com alegria uma vida construída fora dos moldes capitalistas.
O narrador é uma das características marcantes do filme. A narração, em terceira pessoa, feita de forma sóbria, é essencial para que se possa compreender as mudanças que ocorrem na visão individual das personagens, assim como o é na apresentação do contexto social.
O realizador Alfonso Cuarón apresenta-nos um trabalho fluído, sem medo algum de expor a sexualidade das personagens – onde os actores brilham na interpretação destas: Gael García Bernal (Julio), Diego Luna (Tenoch) e Maribel Verdú (Luiza) –com um desfecho devastador a concluir um argumento eficazmente surpreendente e lúdico, deixando entretanto o espectador hipnotizado com a luz e a fotografia.
Um filme genuíno onde a vida parece querer ensinar a sermos felizes. (9/10)