sábado, outubro 16, 2004

Sugestões


Back to mine de Lamb: The Voodoo Sessions

Aqui está uma boa oportunidade para nos redimimos com os Lamb. Se nos seus últimos dois trabalhos de originais não conseguiram alcançar o brilhantismo dos anteriores com esta compilação conseguem-no, dando a conhecer um belíssimo conjunto de canções que servem de inspiração para o seu projecto.
Andy Barlow, a parte da dupla responsável pela faceta instrumental, demonstra num total de 12 canções o seu bom gosto, onde estão presentes o hipnotismo, mistério, sedução e eclectismo nas mesmas doses. Estão lá Martina Topley-Bird, Dr. John, Nina Simone, Nitin Sawney no seu melhor, Chris Thomas King e Nabintou Diakite, entre outros, a prová-lo.
Não se trata de uma colectânea com base na música electrónica como estamos habituados a obter da série Back to mine, mas sim de um grupo coeso de canções que têm em comum a intenção de elevar a música a um grau de espiritualidade único onde a tensão se disfarça de descontracção. Recorre-se aos estilos musicais mais inesperados para obter esse espírito que surpreendentemente formam um conjunto fluido onde tudo parece ter saído da mesma fornalha. Dá-se assim a conhecer uma das melhores colectâneas da série Back to Mine, senão mesmo a melhor. 9/10



- Danny the Dog (original motion picture soundtrack)

É interessante observar que os fundadores de um género (o trip-hop) o continuam a operar sobre diversas perspectivas desconstruindo a forma de como foi entendido. Estamos perante mais uma obra do colectivo Massive Attack onde nos deparamos com a surpresa de nos serem apresentados temas explicitamente agressivos intercalados com outros, tal como já estamos habituados, de experimentalismo cerebral ou repletos de tensão preeminente. Mas sem dúvida que os temas que mais sobressaem são os incorporados por ritmos incansáveis onde se sobrepõem múltiplas camadas de guitarras acompanhadas de um poderosíssimo baixo repleto de intensidade. A obra em causa não sofreu em nada com o facto de ter sido pensada pormenorizadamente pois isso não impediu a revelação de um universo complexo impregnado de uma grande variedade de sentimentos (nebulosos a maior parte das vezes).
No entanto um desafio com que qualquer banda sonora se depara é o de conseguir sobreviver sem o filme. É um facto que não se consegue desligar que estamos perante uma banda sonora notando-se que todos os temas foram criados para momentos específicos de um filme (o que está em causa é Danny the Dog de Luc Besson) podendo à partida ser estranha a sequência que nos é apresentada, mas nada que o ouvido ao fim de algumas audições não se adapte (estimula-se nossa imaginação a criar o nosso próprio filme se for necessário - ouça-se enquanto se caminha sozinho durante a noite pela cidade).
E aqui está mais um disco de uns senhores que, mesmo após mais de uma década de carreira, continuam a traçar novos rumos sem no entanto perderem a génese de vista: exteriorizar criativamente o que de mais veemente se pode encontrar no ser humano. 7,5/10