domingo, outubro 24, 2004

Conto urbano contado na primeira pessoa (1/3)



Eram 4:00 da manhã quando cheguei a casa… sozinho.
Vi um filme pornográfico onde o sexo era feito de forma rude e impessoal. Numa cena em particular, dei comigo a contemplar as expressões de prazer que o rapaz que estava de pernas abertas a ser penetrado fazia e as primitivas daquele que o possuía. Ouvia gemidos que pareciam sinceros, embora desmedidos de intensidade, à medida que a violência da penetração aumentava.
Por essa altura tive uma rápida erecção. Desapertei o cinto das calças, de seguida os botões e libertei-me dos boxeurs. Comecei a acariciar-me, sentado na cadeira em frente ao ecrã do computador, sentindo a excitação no meu corpo acompanhada de um travo de insatisfação. Acariciei-me com grande intensidade e comecei a pensar exclusivamente Nele… nos olhos, na forma como me tocou, na forma como me beijou, mais uma vez nos olhos, quando deixei de controlar o meu ritmo e vim-me…
A minha reacção surpreendeu-me; não consegui conter o gemido que soltei. Um arrepio demasiado intenso percorreu por inteiro as minhas costas em direcção à cabeça, como que de uma injecção de uma droga se tratasse… Senti os músculos das pernas a contraírem-se uma, duas, três vezes… Fiquei desorientado acabando por soltar uma pequena lágrima que escorreu em direcção ao pescoço.
Voltei lentamente à realidade… Nesse momento Ele estava com outro.
Limpei-me e fui até à varanda onde me pus a fumar um cigarro e a pensar nas reacções que Ele era capaz de despertar em mim. Quando acabei de fumar senti-me esmorecer. Fui para o quarto onde alcancei uma leve sensação de segurança. Estava no meu território, no entanto a essa sensação juntou-se um grande vazio… não se encontrava ninguém à minha espera na cama para o preencher!

Manuel