segunda-feira, janeiro 31, 2005

Earl & Mooch

Earl & Mooch presentation

domingo, janeiro 30, 2005

Caught in the flow



  1. Have you ever used toys or other things during sex?
    I always use what my imagination provides…
  2. Would you consider using dildos or other sexual toys in the future?
    Never say never…
  3. What is your kinkiest fantasy you have yet to realize?
    My kinkiest fantasy… There are no bonds for what I can do… Mine is satisfying yours…
  4. Who gave you this dildo?
    magnotico from Desp@chos - versão on line,
    jjori from Bloguito.

    And now; the challenge goes to:
    staring elf from Numb;
    power31from Nús ou...;
    singleWhiteMale from Single white male;
    opinioes from Tripping Out of my Space.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Calvin & Hobbes

Leituras entre lençóis


"Crash" de J. G. Ballard

“Escritor de enormes poderes inventivos, Ballard revela, tal como Calvino, um notável talento para mostrar os espaços vazios e devastados da vida moderna, com as suas cidades invisíveis e os espantosos mundos da imaginação”

Malcon Bradbury, no New Tork Times Book Review


Escrito por J. G. Ballard em 1973, “Crash” é um romance negro que documenta os escapes sexuais de um realizador, James, que sucumbe ao místico de um desvairado cientista convencido que a função dos desastres automóveis são uma potente metáfora sexual. Ao longo de auto estradas James e sua mulher, Helen, envolvem-se numa sub cultura onde descobrirão novas formas de sexualidade, confrontando o desejo e a morte, num desafio onde se tem a consciência que um dia a morte vencerá.
Esta invulgar premissa é analisada por Ballard com exacta precisão. Apresenta-se um reino cru e brutal que se encontra seduzido pela tecnologia onde o fetiche por esta será válido numa complexa e cadente ambiguidade, onde se exploram os limites do corpo, onde as relações com a realidade parecem estar em crise. “Crash” é a narrativa de um possível território de escape.
Claro que “Crash” está longe de se encontrar limitado ao imaginário dos desastres de viação; tendo como intuito levantar inconcebíveis questões numa sociedade evoluída que agora se tornam pertinentes: Com a alta tecnologia que dispomos, que meios imagináveis para realizarmos as nossas psicopatologias são proporcionados? Estará isto relacionando com uma perversão inata que possivelmente nos é benéfica? Existirá alguma lógica que é mais poderosa do que a desempenhada pela razão?
Não será assim de estranhar que “Crash” esteja preparado para chocar e obrigar a pensar na concepção do nosso corpo; revelando, de forma muitas vezes violenta, as mais profundas obsessões do ser humano; conseguindo ser ainda uma sofisticada narrativa que seduz e hipnotiza de forma perturbante. (10/10)

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Naked Lunch


“Hustlers of the world,
There is one Mark you cannot beat:
The Mark Inside…”

William S. Burroughs

"William Burroughs is consistently cited by nearly every downtown writer as a major influence. Because he didn't fall into the same kinds of commercialization that other Beats did, Burroughs continued to be an influence on downtown work throughout his life. His early experimentation with the 'cut up style' to avoid the pitfalls of traditional narrative stands as one of the most important influences. Implicit within the cut-up style is a critique of literary realism and authorial intent. Burroughs's stance toward his work, his attitude about literature, provides a foundation which many downtown artists share."


O LIVRO:

"Naked Lunch" de William S. Burroughs

“O Festim Nu é um banquete que o leitor nuca há-de esquecer. Este livro extraordinário é um apocalipse cómico, uma volta de montanha-russa através do inferno, um safari aos mais estranhos habitantes de um planeta estranho, nós mesmos. Diz-se das obras-primas literárias que a sua genialidade figura em cada linha e isso em nenhuma obra é tão evidente como no Festim Nu. Ficamos cientes, desde as suas primeiras palavras, que um mundo único – cómico, delirante, paranóico e visionário – está a ser-nos revelado. Cenas bizarras e inquietantes sucedem-se, como visões fugidias de uma cidade decadente e exótica. Somente mais tarde nos damos conta de que essa estranha cidade é aquela onde todos nós habitamos quando despertos.
Burroughs (…) convida-nos todos ao festim e o menu é um romance que eu considero ser o mais importante e original obra de um escritor americano desde a Segunda Guerra Mundial. O Festim Num é simultaneamente a dose do toxicodependente, a vaga de sensação pura através do cérebro e também a verdade crua sem sentimentalismo sobre nós mesmos, as nossas ilusões e logros (…). O leitor encontrará (…) uma multidão de personagens hilariantes encabeçadas pelo notável Dr. Benway, o médico mais corrupto e encantador da literatura do século XX.
Dado o estado anémico da maior parte da ficção contemporânea, sente-se e banqueteie-se com este romance.” (10/10)

J.G. Ballard


O FILME:

"Naked Lunch" de David Cronenberg

David Cronenberg veio contradizer o que muitos consideravam ser impossível: adaptar para o cinema o romance de Burroughs, “Naked Lunch”.
Bill Lee (Peter Weller), exterminador em “part-time” e viciado em drogas em “full-time”, vê-se inexplicavelmente, de um momento para o outro, envolvido numa conspiração num estranho lugar, a Interzona, habitado por seres bizarros que o irão orientar através deste vertiginoso delírio.
Com perícia, que só um grande realizador é capaz, pegou eficientemente em todas as metáforas do livro as quais através da ficção fez parecer realidade. (9,5/10)


terça-feira, janeiro 25, 2005

Arte que alcançou o 7º lugar


"Eraserhead" de David Lynch

Nascido a 20 de Janeiro de 1946 em Missoula, uma pequena cidade do estado americano de Montana, Lynch ingressou em 1966 na Academia de Belas Artes da Pennsylvania, escola onde fez as suas primeiras experiências como realizador cinematográfico. O ambiente violento e decadente em que viveu durante os anos que passou nessa escola conferiu-lhe uma estranha obsessão pela exploração do lado mais sombrio da experiência humana. Um reflexo dessas vivências é (tal como a restante obra) "Eraserhead", primeiro filme do controverso realizador.
Henry Spencer (Jack Nance), um funcionário industrial que vive nos escuros e sujos arredores da fábrica onde trabalha, vê a monotonia da sua vida subitamente abalada por Mary X, uma antiga namorada que diz estar grávida de si, e com a qual é forçado a casar pressionado por uma família conservadora. Mary passa a viver com Henry no seu sórdido apartamento onde nasce então um bebé hediondamente deformado, que chora incessantemente num pranto irritante e aterrorizador levando a que Mary X deixe o marido que, por sua vez, está a ser seduzido pela vizinha.
"Eraserhead" é um filme denso, surrealista, de inusitada dimensão formal, impregnado de elementos autobiográficos; filmado intermitentemente num período de cinco anos, com Lynch a fazer quase tudo: argumento, realização, efeitos especiais, som, banda sonora, montagem e produção.
Um filme vanguardista que define todo o cinema de Lynch, que consegue ser simultaneamente perturbante e aterradoramente belo. Sem deixar ninguém indiferente é uma obra-prima que se ama ou odeia; sendo considerado o melhor "filme de culto" jamais realizado para cinema.(10/10)






segunda-feira, janeiro 24, 2005

DVD_M


“Eleven promos/DVD” de Massive Attack

Massive Attack são os arquitectos de uma das mais impressionantes obras da música contemporânea. O álbum “Blue Lines” (o álbum mais “soul” de todos aqueles que o não são), lançado em 1991 (e considerado um dos álbuns mais importantes dessa década), serviu de pilar de suporte para a edificação do legado. Em 1994 adicionou-se o melancólico “Protection” que deu origem em 1995 ao álbum bastardo “No protection”, onde Massive Attack mediram forças com Mad Professor para criar uma versão “dub” alternativa ao original. Em 1998 é lançado o abstracto “Mezzanine”. A construção não parou por aqui, no entanto o presente DVD reúne apenas os vídeos promocionais dos álbuns apresentados.
Tendo em conta a “artwork” de 3D, e a sua preocupação estética ornamental, não deixa de ser desconcertante a simplicidade com que nos é apresentado o DVD, que vem numa desnudada caixa transparente, e que apenas tem um menu com um fundo preto onde se sobrepõem os títulos das canções dos vídeos, um (play) “all” e uma ligação para o seu sitio na Internet,. O objectivo pretendido é o de não desviar a atenção dos vídeos; sem dúvida que foi atingido.
Quanto aos vídeos em si têm uma excelente qualidade, estando à altura de uma carreira feita de obras-primas. Por um lado, deparamo-nos com referências a clássicos do cinema de filmes de terror psicológico (tais como a “The Shining” e à saga “A Nightmare on Elm Street”), declarando desta forma que nada aqui pode ser visto de forma estritamente linear ou unidimensional pois serão ultrapassados espaços físicos convergindo-se para labirintos de espaços cerebrais; por outro lado, invocam-se as contraculturas marginais juntamente com toda a grandeza humana subjacente.
Tal como os álbuns este é um objecto dirigido a um mercado de consumidores sedentos de inventividade, pronto a ser apreciado com a maior das dedicações. (8/10)


Exemplo de “artwork” para usar na caixa do DVD, disponível no "site" oficial.

sábado, janeiro 22, 2005

Calvin & Hobbes

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Intimidades_03/03 – Ficções



Acordei… Sentei-me no bordo da cama e olhei para ele: o sono a que estava entregue, calmo e sereno, despertou em mim a vontade de lhe passar a mão pelo rosto com o intuito de oferecer aos seus sonhos a ternura que despertou em mim nesse momento.
Estendi a mão, mas hesitei… recuei; não quis perturbar a tranquilidade em que se encontrava. Optei por deixar registada essa ocasião; peguei na máquina fotográfica na esperança de o conseguir fazer, mas cada fotografia que tirava perturbava-me, não conseguia visualizar no ecrã o que sentia ao olhar para ele; apenas via pormenores que reconhecia, no geral via um corpo, uma cara; estática, inerte, que fazia parte de um passado recente.
Enquanto pousava esse objecto veio-me à memória a noite anterior na qual o tínhamos utilizado como “webcam”; serviu para partilhar com outro casal incansáveis horas de sexo excessivo… Observávamos através do ecrã dois corpos desfocados, unidos a entregarem-se com mútua dedicação, era visível a excitação que o casal sentia em ser contemplado; talvez tenha sido isso que despertou em nós o desejo de conjuntamente partilharmos a nossa intimidade. Recordei o instante em que vi o rapaz a olhar directamente para nós e, esboçando um sorriso, veio-se… o olhar dirigiu-se então para a companheira que antes de a beijar lhe beliscou o seio.
Abandonei essas memórias juntamente com a máquina fotográfica e silenciosamente servi uma “Vodka” à qual juntei Vermute “Bianco”, acendi um cigarro e contemplei novamente a cidade onde a minha orientação se perdia com toda a novidade com que se deparava. Sentei-me no chão, encostei a cabeça ao vidro e fiquei a contemplar a noite a dar lugar à madrugada; os “neons” perdiam agora a sua intensidade, o meu olhar deixava gradualmente de se maravilhar com o seu veludo…
Movimentou-se; tentou abraçar o meu corpo mas perdeu-se no vazio que o substituía naquela cama de ninguém… Ouvi-o murmurar algo indecifrável; de seguida encolheu-se e voltou a respirar profundamente…

O que desejo hoje no futuro é posto em causa…
Vivi momentos que permanecem numa memória moldada pela minha percepção, ponho em causa se de facto assim aconteceram; a ficção toma agora o lugar deles, dando-lhe uma nova dimensão, deturpando espaços, tempos; enquadram-se actualmente num outro imaginário juntamente com a realidade vivida, ou não, por outros relatos… Viver apaixonadamente é o que pretendo, criar é um propósito.

Intimidades_01/03 – Ficções
Intimidades_02/03 – Ficções

Lyrics



How's It Gonna End

He had 3 whole dollars
A worn out car
And a wife who was
LEaving for good
LIfe's made of trouble
Worry pain and struggle
She wrote good bye in
The dust on the hood
THey found a a map of Missouri
Lipstick on the glass
They must of left
In the middle of the nite

And I want to know
The same thing
Everyone wants to know
How it going to end?

Behind a smoke colored
Curtain, the girl
Disappeared, the found out
The ring was a fake
A tree born crooked
Will never grow straight
She sunk like a hammer in to the lake
A long lost letter and
And old leaky boat
Promises are never meant
To keep

And I want to know
The same thing
Everyone wants to know
How it going to end?

The barn leaned over
The vultures dried their wings
The moon climbed up an empty sky
The sun sank down behind the tree
On the hill
There's a killer and he's coming
Thru the rye
But maybe he's the Father
Of that lost little girl
It's hard to tell in this light
Drag your wagon and your plow
Over the bones of the dead
Out among the roses and the weeds
You can never go back
And the answer is no
And wishing for it only
Makes it bleed

And I want to know
The same thing
Everyone wants to know
How it going to end?

Joel Tornabene was broken
On the wheel
Shane and Bum Mahoney on the lamb
The grain was as gold
As Sheila's hair
All the way from Liverpool
With all we could steal
He was robbed of twenty dollars
His body found stripped
Cast into the harbour
There and drowned

And I want to know
The same thing
Everyone wants to know
How it going to end?

THe sirens are snaking their
Way up the hill
It's last call somewhere in
The wordl
The reptiles blend in with the
Color of the street
Life is sweet at the edge
Of a razor
And down in the front row of
An old picture show
The old man is asleep
As the credits start to roll

And I want to know
The same thing
Everyone wants to know
How it going to end?

Tom Waits

terça-feira, janeiro 18, 2005

Ódios de estimação


Imaginative imagery by a neurotic patient: "A face in the trees"

“Um dos lugares comuns mais recorrentes na sociedade contemporânea é o que advoga que o nosso tempo é curto e precioso, pelo que não o devemos desperdiçar com coisas que nos incomodem. Mas a irracionalidade é uma das características mais marcantes de todos nós e, por isso, perdemos constantemente tempo com aversões especiais: os ódios de estimação. (…) Para mim, há, essencialmente no campo cultural, um certo número de «artistas» que interferem negativamente no meu sistema nervoso. Gosto de pensar que não é uma lista totalmente irracional (…). Essas aversões selectivas e a capacidade de as sentir – de um modo especial e privado – dependem, obviamente, da nossa reacção individual aos estímulos que nos são dados. É óbvio que não vale a pena desperdiçar a nossa capacidade de argumentação a desprezar coisas (…) inanes. Mas (…) já podemos secretamente abominar e não perceber como alguém pode gostar de” determinados canastrões.

Vicente Pinto de Abreu in Op #15

segunda-feira, janeiro 17, 2005

DVD_M


“Wonderful electric – live in London” de Goldfrapp

“Wonderful electric – live in London” é um objecto constituído por dois DVD’s, onde cada qual traz um concerto ao vivo dos Goldfrapp; um deles relativo à fase lírica de “Felt Moutain”, o outro à fase eléctrica de “Black Cherry”; álbuns distintos a merecerem o devido enquadramento. A acompanhar cada DVD vem ainda um documentário que similarmente diz respeito a cada uma das fazes. A caixa juntamente com os menus dos DVD´s constituem uma deliciosa apresentação para o que há-de vir.
No primeiro DVD estamos perante o concerto respeitante à fase de “Black Cherry”. Assiste-se ao concerto registado em Somerset House – ao ar livre – onde, juntamente com os ritmos lascivos, nos deslumbramos com as botas salto-agulha de Alison Goldfrapp a fomentarem fetiches alheios, assim como com uma performance onde (inteligentemente) prevalece a sugestão face ao cumprimento propriamente dito.
No segundo DVD o concerto é gravado na sala de Sheperds Bush Empire. Executam-se as canções respeitantes a “Felt Moutain” que adicionadas ao facto do concerto se realizar num sítio fechado, se cria naturalmente um ambiente intimista onde a sensualidade, em ritmo arrastado, preguiçosamente se impõe e ocupa todo o espaço.
Como seria de esperar de uma banda do calibre dos Goldfrapp o seu desempenho ao vivo é excelente, as musicas ganham uma nova dimensão devido à mestria com que se efectua a parte instrumental, e sobretudo pela incontestável perfeição vocal de Alison Goldfrapp, que acima de tudo é uma voz, uma voz deslumbrante; que ainda nos presenteia com alguns lados b’s assim como com o original “Little Death”.
Um objecto lúdico ao nível dos seus registos discográficos. (9/10)




Calvin & Hobbes

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Insonolências


Calvin & Hobbes

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Nan Goldin



Nan Goldin (Washington, 1953) é uma fotógrafa que se apropria da vida; da vida dos conhecidos, dos amigos, e da sua. Essas vidas estão presentes de forma obsessiva na sua obra onde se estabelecem narrativas acerca da condição humana – do amor, da sexualidade, das relações entre as pessoas. Nan Goldin descreve o seu trabalho do seguinte modo: «For me taking a picture is a way of touching somebody (...) it's a caress». Daí estar presente a constante procura da entidade do outro, imprescindível à existência do fotógrafo.
Eggleston, considerado um clássico da arte fotográfica, tem sido uma fonte de inspiração para Nan Goldin que em 1986 publica o seu primeiro livro: "The Ballad Of Sexual Dependency is the diary I let people read", é o que se pode ler na introdução.
Nan Goldin desenvolveu ao longo dos últimos 30 anos uma obra ousada entre a arte e a vida, dando origem a uma das mais comoventes narrativas das contraculturas encontradas em cidades tais como Nova Iorque, Londres, Paris, Berlim e Tóquio; deixando de forma sensível um legado que se apropria do vivido para o servir.











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segunda-feira, janeiro 10, 2005

Intimidades_02/03 – Ficções


“Red Passion” by Dimitri Kourouniotis

- Encontraste?
- Sim.
Tirei um cigarro do maço “Yves Saint Laurent” que foi abandonado em cima da mesa-de-cabeceira… Acendi-o… Seguidamente pus a tocar a banda sonora de “Twin Peaks – fire walk with me”; “the pink room” deixava no ar a melodia carnal e sensual que o meu espírito evocava. Simultaneamente, no momento em que a música se fez ouvir, dei comigo a contemplar o quadro de tons encarnados posicionado por cima da cama; decidi atribui-lhe um nome, achei adequado “Red passion”.
Bebi mais um pouco de “Champagne”, enquanto me movia discretamente ao som da música que quando terminou me levou a apagar o cigarro, pousar o copo, e pô-la novamente…
Dirigi-me até à parede de vidro e fiquei a contemplar a cidade.
Senti o perfume… O corpo dele a aproximar-se antes de ir de encontro ao meu… Apoiei a cabeça no vidro expondo todo um pescoço que lentamente foi beijado. Com a mão pegou na minha cara e inclinou-a em direcção da sua boca que começou a beijar sofregamente a minha... Apoiei-me no vidro com as duas mãos e comecei a movimentar as ancas de forma a senti-lo excitado. Encostou-se pujantemente em mim e iniciou um ritmo regular de movimentos circulares… Desapertou-me os botões da camisa deixando o meu tronco a nu; no qual avidamente as suas mãos firmes deslizaram antes de uma delas se dirigir para o interior dos meus boxeurs…

O que encontrei?
Ao longo da minha vida fui encontrando carinho e sensibilidade. Fui encontrando quem me fascinasse e surpreendesse. Tive quem fosse sensual e quem tivesse um charme que o sabia usar magnificamente. Quem me deu atenção. Encontrei inteligência, beleza…
Tudo em momentos fugazes que ao extinguirem-se me dilaceraram por completo; no entanto vivi-os e neles fui feliz, neles encontrei o que procuro e que nunca foi estável: a felicidade.

Intimidades_01/03 – Ficções

domingo, janeiro 09, 2005

Leituras entre lençóis


“A morte em Veneza” de Thomas Mann

Nascido em Lübeck a 6 de Junho de 1875, o ensaísta, crítico cultural e romancista alemão Thomas Mann ganhou o prémio Nobel da literatura de 1929. Antes disso, em 1913, foi publicado o romance de sua autoria “A morte em Veneza” o qual em 1971 é adaptado para o cinema pelo realizador italiano Luchino Visconti.

Em “A morte em Veneza” narra-se o fascínio de Aschenbach, um escritor consagrado, sentido por um adolescente - Tadzio, que possui uma beleza invulgar - o qual foi descobrir num hotel onde se encontra instalado durante uma viagem de repouso até Veneza, após um período de stress pessoal e artístico.
Através de uma forte componente intimista, deambula-se por uma Veneza ameaçada, a qual não impressiona Aschenbach visto se encontrar num estado de espírito onde o amor Platónico sentido faz com que tudo o que o rodeia pareça ser insignificante.

Trata-se de uma obra densa, inteligente, bem escrita; onde estão presentes pensamentos grandiosos; no entanto o grande encanto que esta encerra é a proximidade e cumplicidade que se estabelecem com Aschenbach, assentes na partilha dessa arrebatadora paixão com o leitor. (10/10)



Björn Andresen (Tadzio) in “Morte a Venezia” by Luchino Visconti

sábado, janeiro 08, 2005

Calvin & Hobbes

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Excertos


"Indigo Flowers" by Roger Vaughan

“Se alguém me tivesse mostrado o futuro, decerto muitas lágrimas teriam sido evitadas. Mas viver sem lágrimas não é viver. O sentido da montagem humana só vem se fizermos como Clarice Lispector e formos ao encontro do que nos espera, na certeza de que tudo na vida tem o estigma da caducidade. Só amar não acaba.”

by Frederico Lourenço in “Amar não acaba”.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Marc Quinn



“O modo científico e poético de como aborda a morte e a preservação da vida perturbou-me. Uma fusão inacreditável de ciência e magia, de fragilidade e de sangue-frio – o trabalho de engenharia por detrás das suas obras é uma manifestação evidente de todo o seu alento.”

Palavras de 3D (Massive Attack) para caracterizar a obra de Marc Quinn; artista plástico que chamou a atenção internacionalmente com “Self”, um trabalho durante o qual o artista num período de cinco meses extraiu sistematicamente do seu corpo oito gotas de sangue (perfazendo o equivalente ao total do seu volume de sangue), que combinado com anticoagulante e antibióticos congelou e moldou a sua cabeça.

Nascido em Londres, em 1964, Quinn estudou na universidade de Cambridge antes de regressar a Londres para enveredar na carreira de artista plástico. Embora Quinn seja conhecido por escultor, também desenvolveu trabalhos na área da fotografia.
O uso de materiais invulgares, que vão desde o sangue até à silicone passando por excrementos humanos, fez com que os seus trabalhos fossem constantemente alvos de polémica e que, inevitavelmente, escandalizassem os mais susceptíveis ou conservadores.

O seu trabalho mais politicamente correcto (pelo menos aparentemente) é o seu cemitério de flores congeladas, conservadas artificialmente, que evocam um coma poético; "Eternal Spring", um paraíso que simula uma visão inacessível: a eternidade.





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quarta-feira, janeiro 05, 2005

Honestidade


“Encontra-me” by JGSC

Este é o meu primeiro “post” integralmente directo, que escrevo com uma dose excessiva de álcool (e outras coisas que tais) a circular no meu corpo.
Indubitavelmente este “blog” tem sido uma grande ajuda para me amparar a lidar com a rotina diária que nada de novo me traz… No qual crio algo com o qual me identifico e que gostaria de viver a cada momento… Todos os leitores deste "blog", juntamente com os seus comentários, tem-me ajudado a viver uma vida sedenta de entrega, intensidade, honestidade e partilha; a qual neste momento consegue criar algo encantador que a todos nós diz algo… Dá-me um prazer imenso ser eu e ter quem o aprecie…
A todos os meus leitores um obrigado.

terça-feira, janeiro 04, 2005

O Discípulo



“Quando Narciso morreu, o seu lago de prazer passou de uma taça de doces águas para um cálice de lágrimas salgadas, e as Ninfas dos montes lamentaram-se, enquanto atravessavam os bosques, no seu dever de cantar ao lago e reconfortá-lo.
E quando elas viram que o lago tinha mudado de uma taça de doces águas para um cálice de lágrimas salgadas, soltaram as tranças verdes dos seus cabelos e choraram para o lago, dizendo-lhe: «Não estamos admiradas que mergulhes dessa maneira no luto por Narciso, tão belo que ele era.»
«Mas, o Narciso era belo?», perguntou o lago.
«Quem poderá saber melhor que tu?», responderam as Ninfas. «Por nós passou ele sempre mas foi por ti que procurou e se deitou nas tuas margens e olhou para ti. E foi no espelho das tuas águas que reflectiu a sua própria beleza.»
E o lago respondeu: «Mas eu amei Narciso porque enquanto ele se alongava sobre as minhas margens e olhava para mim, em baixo, no espelho dos seus olhos, eu vi sempre a minha beleza reflectida.»”

by Oscar Wilde, tradução de Possidónio Cachapa in “Poemas em prosa”

domingo, janeiro 02, 2005

Calvin & Hobbes

FRASES... DITAS por alguém... SOLTAS para o mundo...



“La douleur, voilà le mystère, voilà la négligence des dieux, voilà le superflu qui nous réduit à n’être que pure conscience de la doleur.”

Hector Bianciotti, in L’amour n’est pás aimé.

sábado, janeiro 01, 2005

Jack Slomovits - nudes & series











"My photography is all about watching people as they bring their new element into a familiar place and see how they interact with it and me watching."

Jack Slomovits